Clic, Clac, Bum
Mataram mais um lá fora e quem viu, hein?
Quem é mais um em terra de ninguém?
Em cada favela um menor no movimento, disposição
Em cada favela uma mãe crente de joelho no chão
Baile lotadão, Sodoma, Gomorra
Ela ora, ela pede pra que seu filho não morra
Porque a vida é tão difícil por aqui
E se tivesse escolha talvez preferisse nunca existir
Com o semblante pesado e as sacolas de mercado
O coração tá calejado mas ela segue de pé
Vez ou outra uma lágrima cai, mas sabe que é normal
O mundo insiste em testar sua fé
E pede perdão ao Pai, pede perdão ao Pai
Quando a dor é maior do que a esperança
Às vezes é tão difícil acreditar (o que?)
Que quem espera sempre alcança!
Lembrando a infância do garoto, do amor que se extinguiu
Quando bola e carrinho, agora granada e fuzil
Numa quarta-feira, madrugada fria
Só deu tempo de escutar a gritaria
A cachorrada late, os traçantes cortando o céu
E o garoto tá no combate, com a cabeça pra troféu
Quis ser rei, virou réu, cai a Torre de Babel
A rua é sem saída e na boca o gosto do fel
Mas ela ora, chora, joelho chão
Na mesma hora ele implora de joelhos no chão também
Quase 4 horas da manhã, na mira da policia o garoto vira refém
E não teve mais pra onde correr
Algema, põe na mala, bate a porta e vai direto pro Dp
Apesar de ser fiel, aqui debaixo do céu
Ela viu o quanto a humanidade é cruel
E outra lágrima cai, na garganta um nó
16 de idade o garoto era menor
Primeira passagem por ali
E se o deserto é uma escola ele não quer repetir
Se dedicou demais, olhou pra trás
E viu a paz que satisfaz no momento que o seu coração se abriu
Aceitando a Jesus Cristo ali
E a promessa feita à sua mãe naquela cela se cumpriu