Dormes! E o mundo marcha, ó pátria do mistério
Dormes! E o mundo rola, o mundo vai seguindo
O progresso caminha ao alto de um hemisfério
E tu dormes no outro o sono teu infinito
A selva faz de ti sinistro eremitério
Onde sozinha à noite, a fera anda rugindo
Lança-te o tempo ao rosto estranho vitupério
E tu, ao tempo alheia, ó África, dormindo
Desperta! Já no alto adejam negros corvos
Ansiosos de cair e de beber aos sorvos
Teu sangue ainda quente em carne de sonâmbula
Desperta! O teu dormir já foi mais que terreno
Ouve a voz do progresso, este outro nazareno
Que a mão te estende e diz
África, surge et ambula!