Foi com a ponteira do meu pião
Que eu fiz um laço e lhe botei na mão
É na lameira do caminhão
Que a voz do povo é a voz do coração!
Foi no pé da bananeira
Que o amor eu fui achar
Foi nas brasas da fogueira
Que eu pisei sem me queimar
Se a saudade é matadeira
O que é da mata a mata dá!
Foi com a ponteira do meu pião
Que eu fiz um laço e lhe botei na mão
É na lameira do caminhão
Que a voz do povo é a voz do coração!
Foi nos versos da cantiga
Que eu cantei pro meu amor
Que acabei com aquela briga
Que um fuxico começou
Pra mandinga eu tenho a figa
Pro canhão eu tenho a flor!
Foi com a ponteira do meu pião
Que eu fiz um laço e lhe botei na mão
É na lameira do caminhão
Que a voz do povo é a voz do coração!
Quem com ferro foi ferido
É ferreiro, sim senhor
Pode inté não ter metido
O dedo no anel de doutor
Mas por certo foi fundido
Na ciência do amor!
Foi com a ponteira do meu pião
Que eu fiz um laço e lhe botei na mão
É na lameira do caminhão
Que a voz do povo é a voz do coração!
O apressado não é dono
Quem semeia come cru
Quem madruga perde o sono
Devagar se vai ao Sul
No país do abandono
É fogo na roupa do nu!
Foi com a ponteira do meu pião
Que eu fiz um laço e lhe botei na mão
É na lameira do caminhão
Que a voz do povo é a voz do coração!