A muié do canoeiro, com seu fiel companheiro, toda tarde ia sentar
Lá em cima da pedreira, onde ouvia a cachoeira que parecia cantar
E dali se despedia, rio abaixo na canoa pra pescar
Ela rezava em segredo porque tinha tanto medo, dele um dia não voltar
Eu tava no meu ranchinho, uma tarde tão sozinho, socegado a trabalhar
Ouvi grito de socorro, que vinha de trás do morro, eu nem de que lugar
Olhei pra banda da estrada, vi a muié desesperada que dava pena de ver
Gritando com desespero acuda meu canoeiro, que acaba de morrer
Hoje em cima do barraco, toda pintada de branco, uma capela se ergueu
É ali que ela mora, que toda tardinha chora o marido que morreu
Diz que dentro do seu peito, guarda ainda um ninhinho feito de amor que ele deixou
Esse amor já não existe, era o canoeiro triste, que o Rio Pardo assassinou
A muié do canoeiro, agora sem companheiro, toda tarde vai sentar
Lá em cima da pedreira onde ouve a cachoeira, de tristeza a soluçar
Por tudo que tem sofrido, não lembra mais de seu marido, nem como é que ele morreu
Foi tão grande o sofrimento, já não tem mais penssamento, a coitada enlouqueceu.