Lá do morro vi o Sol em primavera
Onde o trem vence quimeras
Trabalhar, realidade
Labuta que aprendi desde menino
Ao descer a Zeferino e ir pro centro da cidade
Perdi meu coração nas engrenagens
E no fim dessa viagem baldeada de ilusão
Marquei o ponto, mas rasguei minha carteira
Brava gente brasileira é tempo de revolução
A voz de um país, o povo na rua
Nossa luta continua, fazendo escola
Reflete Paris: O vermelho da flor
Dignidade não é esmola
Da terra escaldante as capitais
Pau-de-arara nunca mais
Eis o sonho retirante
E lá na seca, o candango construiu
O coração do Brasil
Pra pulsar bem mais distante
Da força que enfrenta os canhões
Greve é ato de bravura
Movimento sindical pra dobrar a ditadura
Vem cantar meu carnaval, manifesto de coragem
Imagem, da mãe que carrega no braço seu filho
Carrega também uma caixa na mão
Pra proclamar libertação
Não é mole não, não é mole não
Desfilar a fantasia, ver brilhar meu barracão
Eu sou a pluma que o tempo não desfaz
Força nenhuma há de conter meus carnavais
E quando acendo a alegoria o povo chora
Arquiteto da folia, sou Em Cima da Hora