Vindo de Minas Gerais
E seguindo meu destino
Atravessei pantanais
Pra chegar em Ouro Fino
Estanhei minha boiada
A noite vinha caindo
Vi uma porteira fechada
Que sozinha foi se abrindo
Uma voz falou contente
Ó peão seja bem-vindo
Toque o berrante seu moço
Que é pra mim ficar ouvindo
Eu fiquei impressionado
E a coragem foi sumindo
A estatura era pequena
Representava um menino
Foi clareando toda a estrada
E a boiada foi seguindo
Repiquei o meu berrante
E água dos olhos caindo
Eu joguei uma moeda
Ele devolveu sorrindo
Eu não quero seu dinheiro
É missão que estou cumprindo
Quando ouvi aquela voz
Que não era brincadeira
Repiquei o meu berrante
E nem sei de que maneira
Dei descanso pra boiada
Ali por aquela beira
E a lua foi surgindo
Clareando a terra inteira
Naquela curva da estrada
Na beira da capoeira
Vi que ali tinha morrido
O menino da porteira
("Naquele instante dramático
No chão eu ajoelhei
E praquele santo menino
Ao Deus vivo eu implorei
Oh! meu querido menino
Que Deus lhe dê muita luz
Para proteger os peões
Que levam a pesada cruz
Bem falou Jesus Cristo, o Nazareno
Que a vida continua
Na nova morada sua, menino
Reze por nós a Jesus")
Hoje vivo recordando
A visão daquele dia
Quando vai anoitecendo
Rezo pra Virgem Maria
E aquele anjo menino
Que tão contente vivia
Fechando e abrindo a porteira
Pra boiada com alegria
No repique de berrante
Na mais perfeita harmonia
Sabendo que o bom menino
A Deus ele pertencia