Seis 'hora' a nôna tá em pé e chama pra tomar café
Grita o nôno do galpão; - filho, faz o chimarrão!
A nôna trata os bichos e tira leite das vacas
Derrama soro pros 'porco' e atira capim pras carpas
Colhe os ovos dos ninhos, confere as galinhas chocas
Só no ninho da angolista a mão ela não coloca
O nôno vai pra lavoura e só volta pra almoçar
A 'ronqueira' do trator, de casa, dá pra escutar
Arando a terra com disco, faz a eira pra batata
Gradeia a terra pra alfafa e milho pra encher as latas
O nôno e a nôna, cada dia mais velhinhos
Nos criaram para o mundo com todo amor e carinho
Minha riqueza são esses laços de afeto
Deus abençoe que eu seja um nôno assim para os meu netos
Dez 'hora' o nôno tá em casa e do fogão atiça as brasa
A nôna tá na cozinha temperando uma galinha
Mei'dia " o nôno sesteia, de tarde vai pro galpão
Aprontar uma encomenda pro seu vizinho João
Breque novo pra carreta e um cambão mais comprido
Alisar mais uma canga, com grosa e caco de vidro
A nôna carpe os canteiros, semeia radicci e alface
Sabe que chove na terça e o broto logo nasce
Quebra rama de aipim, debulha uma bolsa de milho
Bate feijão a manguá e conserta as roupas pros filhos
O Sol vai avermelhando e o nôno vem voltando
A nôna fecha as janela e mexe de novo as panela
Os dois, de banho tomado, cevam mais um chimarrão
Ligam a tevê nas notícias, esperando a previsão
Logo tá pronta a polenta e ele puxa a oração
Agradece a saúde, com Jesus no coração