Morar na beira do rio sempre foi minha vontade
Pra realizar alguns sonhos que ficaram na saudade
Ser moleque ribeirinho, bom de briga e nadador
Do caíco o comandante, por ser o melhor remador
Acordar de manhã cedo, café com bolacha Maria
Cuscuz com leite de vaca, e uma sobra de ambrósia
Depois tratar a cabrita, dar o milho pras galinhas
Deixar lavagem pros porcos e a mandioca pra vaquinha
Ai, ai, morar na beira do rio
Ai, ai, sempre foi minha vontade
Só aí ganhar o mundo com uma funda no pescoço
Bolso cheio de pinicas, revólver feito de osso
Encontrar a gurizada na pelada do campinho
Voltar “jogando” corrida com os piás pelo caminho
Ai, ai, morar na beira do rio
Ai, ai, sempre foi minha vontade
Chegando a hora do almoço, aipim frito com lingüiça
Arroz branco e feijão preto e também batata frita
Quando saía da mesa o meu pai logo dormia
E eu ia arrancar minhoca pra próxima pescaria
Ai, ai, morar na beira do rio
Ai, ai, sempre foi minha vontade
Á tarde pegava os livros e ia a escola aprender
Era lá que a professora me ensinava o abc
Fim de tarde chegava em casa, “tava” o pai com o violão
Cantando com a mãe na cozinha entre um e outro chimarrão
E a noite a família sentada junto a mesa do jantar
Contando o dia que foi, esperando o que vai chegar
Contando o dia que foi, esperando o que vai chegar
Ai, ai, morar na beira do rio
Ai, ai, sempre foi minha vontade
Ai, ai, morar na beira do rio
Ai, ai, sempre foi minha vontade