Ela só quer o imprevisível
Para poder fugir da guerra da realidade
Alguma luz no fim do túnel
O fim do tédio na saída de outra cidade
Todo dia ela carrega o seu mapa na mochila
Na adrenalina de chegar mais rápido
Para dançar nos holofotes
E trilhar a América do Sul
E pensar mais alto
Para ver a cor mais quente do céu azul
Para abrir a porta do seu quarto, se encontrar
Para ver o outro dia que vai nascer
Como um pássaro sem gaiola pode cantar
Num belo dia resolveu mudar o que queria
Como dizia a garota do Mutantes
Fez novos cortes de cabelo com outras tintas coloridas
Novas relações e outras viagens
No universo paralelo o seu corpo estremecia
Quando se via por todos os lugares
E cada toque era a calma na bagunça que ela tinha
Para não sentir o chão, não mais sentir o chão
Para ver a cor mais quente do céu azul
Para abrir a porta do seu quarto e se encontrar
Para ver um outro dia que vai nascer
Como um pássaro sem gaiola pode cantar
Em seus líricos anacrônicos desalinhados
Descompasso
Contratempo
Desconcertante antedia abstrações
Ante um breve sossego
Da mutação do tempo eterno dos olhos
Desvencílios de pérolas saqueadas
Desaguadas violetas submersas
Construção da liberdade
Um livro de Florbela Espanca
Manuscrito do seu coração
Dos beijos refugiados
Detidos cílios enigmáticos
A transpassar marés turbulentas
Nas idas descuidadas
Idas desapegadas
Em casos de seus sonhos no meio da rotina
No entardecer barulhento transmutável
Até que o tempo canse de mudar
Primavera
Aurora da saudade
Deveras, dever
De vir, de ser
Devir
E não importa que alguns digam que é cedo demais
Não mais importa que outros pensem que é tarde demais
Todos os desejos que ela deixa ali no mesmo lugar
De tantos medos que ela deixa ali no mesmo lugar
Só legitimam os mesmos ventos adormecidos no temporal
E não importa que se diga que é cedo demais
Não mais importa que outros pensem que é tarde demais
Os sentimentos que ela deixa ali no mesmo lugar
De todos medos que ela deixa ali no mesmo lugar
Só legitimam os mesmos ventos adormecidos no temporal