Passageiro da vida que ele leva
Violeiro chamado vagabundo
Cego, ergue os seus olhos para o mundo
O céu claro ele anda em linha reta
Caminhada que segue lentamente
A viagem pra morte é coisa certa
Decassílabos com muita harmonia
Canta o cego de bravos cavaleiros
Fala de velhos monges e mosteiros
De batalha fogueira e bruxaria
De reizado folguedo e cantoria
Dos engenhos, dos navios negreiros
O poeta de nome Galo Cego
Canta a guerra o massacre da cidade
O corisco o trovão a tempestade
Canta tudo o que eu nego o que eu não nego
Canta tudo o que eu pego o que eu não pego
Canta a noite o escuro a claridade
Vai buscar nos mais bravos argonautas
O objeto do verso e da cantiga
Vai à Grécia numa cidade antiga
Ouve Mársias o inventor da flauta
No presente, revela os internautas
Que devoram distâncias inimigas
Ele canta num estilo diferente
Troca a letra e a noite pelo dia
Mas a troca não fere a harmonia
Ele canta o passado e o presente
O futuro ele diz a Deus pertence
E o povo agradecido aprecia
Composição: Fernando Mello