Ah se isso matasse menos maldição da vida de Vênus
Dor de se nascer pra amar e
Dar corpo todo a derreter
Liquefeito pode ser que sirva à sede da boca que quer beijar
E boca me quer beijar até
Desbotar de sofrimento
E fazer a mim de alimento
Flor, alma, corpo e o sal do mar
Tudo me entregar e ter
Definhando de prazer a língua pede
Quer de tudo e quer provar
Sabe o mundo e quer mostrar lá
Eu que me vejo por mim já repartido e sem fim
Tanto desejo de estar, tanta tolice reter
É meninice pensar e dizer
Que é eterno
Se o toque terno
Encontra o infinito nalgo pequenino
Que a boca quer beijar
E boca te quer beijar até
Ponho pé firme no chão e este peito faz natação
Borboleta feita a mão
Vou num vôo multicor
Fecundando cada flor que aqui se cede
À boca que quer beijar
E boca se quer beijar até
Sai do vale e vai subir
O topo já se faz ver daqui
Lá onde a relva é mais verde
Quando o mundo lá chegar
Fundamentalmente amar, sentir e ser-se a boca que quer beijar
E boca só quer beijar até