Mascou limão disse "deixa, deixa-me"
meteu tequilla no corpo e andou
com rija pose insubmissa, beijou-me,
molhou o rosto e dançou
"não temos nada a perder", disse,
pediu-me lume e fumou
seu jovem corpo indecente sentou-se
lembrou os corpos que amou
fez pausa curta, inventou um nome
"Natália, muito prazer"
com uma vontade maior que fome
beijei sem nada dizer
à noite é sempre a fingir
bebendo quente o calor
e tudo o resto era sexo e tédio
como nas histórias de amor
a vodka pura
é uma bebida incolor
faz-me brilhar no escuro
aquece e apaga a dor
com outra qualquer mistura
aniquila-me o pudor
"não temos nada a perder", disse,
pediu-me lume e fumou
seu jovem corpo indecente sentou-se
lembrou os corpos que amou
a vodka pura
é uma bebida incolor
faz-me brilhar no escuro
aquece e apaga a dor
com outra qualquer mistura
aniquila-me o pudor
João Miranda