Tem vezes que os dias
Seguem assim
Nuvens sob o sol
Passam lamentando
E não há chuva forte
Que impeça essa raça
De estar no sentido
De pobre rebanho
E vão as cabeças
Fitando os pés
Nessa poça de lama
De uma cova rasa
Quisera meu Deus
Que toda essa gente
Vivesse mais e mais
Em vez de nascer pra nada
Tem vezes que os dias
Morrem assim
Pobres no arrebol
Quase chorando
E não há noite escura
Que impeça essa tralha
De soturnos escarros
De orgulhos insanos
E vão as cabeças
Contando os réis
De cada migalha
Que vão mendigando
Quisera meu Deus
Que essa gente levantasse
Não é pouca desgraça
Ser e morrer por nada