Atrevi umas palavras no papel
Pondo à transparência a voz do coração
Todas as minhas angústias iam nele
Nuns traços que por tremer traem a mão
Eu sei de todas as culpas que me cabem
Dos momentos em que assim me fiz culpada
Dormi com todas as dores e elas sabem
Os caminhos da minha alma atormentada
Quis então fazer das letras minha voz
Que calada teimou em se emudecer
E a escrever tentei palavras que entre nós
Revelasse as frases que faltou dizer
Mas ao ver-me a sós com tudo o que escrevia
Tentei expor demais os meus tristes pecados
Num temor de não saber se entenderias
Rasguei tudo o que escrevi de olhos molhados