O que eu vou cantar agora
Não é coisa de cidade
Não se aprende em faculdade
O senhor preste atenção
É coisa do sertão
O instrumento é de matuto
Esculpido em pau bruto
Só na base do facão
É um lundu de São Francisco
Um samba de Seu Biano
Uma toada de Humberto
Um coco pernambucano
Um batuqueiro batucando
Um batuque onipresente
É a ciência do repente
No martelo alagoano
Pra quem vê o arco entorta
Pra quem tora é a razão
Da vazão do mundo afora
Das estórias de quem foi
Quem tem boi o gado toca
Quem tem planta rega a seiva
Quando vou, vou de rabeca
A vida é essa que me resta
Tocador
Alumioso, Juazeiro
Um vaqueiro aboiando
Um caiçara fandangueiro
É Rouxinol Paraibano
Um batuqueiro batucando
Um batuque onipresente
É a ciência do repente
No martelo alagoano