O mundo não tem cura
Essa porra é crime primo
Viva deixa morrer
Herdeiros de Virgulino
Filhos da lama, do mangue, das ruas de terra
Exercito dos excluídos, filhos da guerra
Até hoje em Recife, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro
Tem macacos decapitando cangaceiros
Munição cruzada no corpo
Revolver no coldre
Os olhos no nada
Prontos para qualquer tiroteio na estrada
Eles querem mais cabeças para exibir nas praças
Maldita raça, urubu não pode ver carcaça
A macacada tenta a anos, mas nada para o trem
Quem conhecer todos os becos igual os crias? Ninguém!
Pode vim que tem, os furas, pistola
Peixeira para degola, tá bolado? desembola
Enfia no cú a porra da esmola
Criança cheira cola
Beirar mar
Enquanto gringo paga o meno pra transar
Cada um do bonde adota quem está como lá
Ninguém vai se entregar pra levar um, só se matar
Jovens atores num show de horrores
Levando arame farpado no peito
Tiroteio ao vivo e a cores
Vendendo veneno
Cavando trincheira
Lutando para não acabar com um projétil na moleira
Amado já contava sobre os capitães de areia
Sangue fica mais vermelho sobre a luz da lua cheia
Já encontrou com a morte sobre a luz do luar?
Em si ela te encarar, ter certeza que você vai conseguir atirar
Melhor não duvidar
Quando ver o infravermelho
Pra quem é forjado no gatilho
Lugar de inimigo é de joelho
O que que você vê quando olha no espelho?
No meio desse caos
Achando tudo normal
Vai ser tarde demais, quando você ouvir o grito
As dez pragas do Egito batendo na sua porta
Minha faca amolada cortando sua artéria aorta
Se miséria não te choca, um pouco de violência choca
Cola de dedo de Chernobil
Olhar fixo igual cyborg
Dedo no gatilho pra descarregar revolver
Da lama ao caos, do caos a lama
Geração forjada no ódio brigando pela grana
Vidas secas, retrato de um país em pedaços
Nossa colcha de retalhos: cangaço! Plaw!