Não se preocupe comigo
Mas eu não volto mais pra casa não
Não se preocupe comigo, mas com o que me aconteceu
Eu sumi e eles podem levar um outro filho seu
Sem corpo, sem prova,
Sem prova, sem crime
O sal da lágrima fica no gosto que é o costume da língua
Em duas falas diferentes
Mães de Acari, da Praça de Maio
e outras tantas por aí
Entre o conflito e a indecisão
As vítimas não encontradas somos todos nós
Que não demos adeus
nem rezamos nos cemitérios clandestinos da justiça
Não se preocupe comigo
Mas eu não volto mais pra casa não
Eu que talvez esteja mais próximo que pareça
Vago no umbral da vida ou nas lembranças da beleza
Não sei se virei fim ou me perdi em mim
Mas, nessa expressão posso ser história em recomeço
Psicografado, nunca esquecido ou requerido
Não se preocupe comigo
Mas com a época que devora caminhos e destinos
Com tanta pressa
Apagando rastros que nos ensinam e nos permitem voltar
Não se preocupe comigo
Mas eu não volto mais pra casa não