Eu moro num ranchito de capim de chão batido
Erguido la na costa de um capão
De tarde me divirto ouvindo o canto das cigarras
Enquanto saboreio um chimarrão
A china do meu gosto aceitou morar comigo
Fazendo mais feliz meu coração.
Apenas exigiu que nas noites de lua cheia
Eu cantasse para ela esta canção
Nas águas do Lajeado jogo as magoas
Nas notas do acordeon enforco a dor
De dia ouço o canto das cigarras
De noite cai na alma do cantor
Meu rancho preferi deixar de frente pra o nascente
Pra que o sol venha mais cedo me acordar.
Ouvindo o João de Barro e o Sabiá na pitangueira
É muito mais gostoso o despertar.
Enquanto Minuano assovia nas canhadas
Me abrigo junto ao fogo do galpão
Encaro o mes de Agosto com as suas frias madrugadas
Mateando no costado do tição.
Nas águas do Lajeado jogo as magoas
Nas notas do acordeon enforco a dor
De dia ouço o canto das cigarras
De noite cai na alma do cantor
O berro do zebú entoa alto nas coxilias
E o cusco me auxilia a camperiar
No lombo do meu pingo eu me sinto um soberano
Tal qual um Guarani a galopar
Por tudo que essa terra missioneira já me deu
Peço a Deus que não esqueça do meu chão
A terra mãe eterna muitas vezes esquecida
Por filho sem amor no coração
Nas águas do Lajeado jogo as magoas
Nas notas do acordeon enforco a dor
De dia ouço o canto das cigarras
De noite cai na alma do cantor