Eu devo a vida ao pai eterno
Devo na escola e não aprendi nada
Sai devendo tinta e caderno
A minha vida está endividada
Devo a farmácia, devo ao doutor
A lavadeira dona Carolina
Até meu terno velho já sem cor
Estou deviendo ao turco da esquina
Oi que vida triste
Oi vida apertada
Meu desgosto é tão profundo
Devo a todo mundo e não tenho nada
Oi que vida triste
Oi vida apertada
Meu desgosto é tão profundo
Devo a todo mundo e não tenho nada
Lá no meu bairro devo à padaria
Devo ao armazém e devo ao açougueiro
No mês de leite devo à leiteria
Devo ao alfaiate e devo ao sapateiro
Devo na missa para o vigário
Favor então estou devendo à bessa
Devo uma vela para o santuário
Pra cara santa eu devo uma promessa
Oi que vida triste
Oi vida apertada
Meu desgosto é tão profundo
Devo a todo mundo e não tenho nada
Oi que vida triste
Oi vida apertada
Meu desgosto é tão profundo
Devo a todo mundo e não tenho nada
Devo seis meses de aluguel
Lá no barraco do seu Maneco
Para o barbeiro devo um pincel
Devo uma pinga em cada boteco
Desde menino que devendo eu venho
Por caloteiro fui apelidado
Para aumentar as dívidas que tenho
Eu vivo sempre à conversar fiado
Oi que vida triste
Oi vida apertada
Meu desgosto é tão profundo
Devo a todo mundo e não tenho nada
Oi que vida triste
Oi vida apertada
Meu desgosto é tão profundo
Devo a todo mundo e não tenho nada