Música De Intervenção Política
Dionísio Rocha: Isto não é um trabalho científico, é um trabalho de vivência
Hebo Imoxi: Eyo Siddhartha dá-me mais volume aqui nos fones
1. As mudanças políticas nas terras de Salazar
Após o 25 de Abril só vieram causar
Grande tensão político social
1974 foi crucial
O colonialismo criou o grupo Esquadrão da morte
Que incendiava musseques e matava de noite
Fecharam-se os locais de recreação
E a música sofria assim a primeira paralização
Os artistas perderam espaço musical
Numa fase conturbada para independência musical
O forte poder que a música tem sobre as pessoas
Foi bem aproveitado e não foi a toa
Que se conseguiu mobilizar a população
Com músicas de patriotismo e emancipação
Anos 70 homenageia a música
Semba como música de intervenção política
Jomo Fortunato: A Massemba dança popular de umbigada executada por casais de dançarinos é plural de Semba. É de notar que a Massemba tomou o nome aportuguesado de Rebita, quando emigrou para as salas de dança, a que se juntou o suporte do acordeão e da consertina, e concluímos então que a Massemba e a Rebita são dois ritmos que se identificam. Portanto, não há diferenças extruturais entre a Rebita e a Massemba, obviamente, há sim uma diferenciação ao nível só da designação, dos nomes
2. O Semba é a maior manifestação rítmica angolana
O Semba é a expressão popular da música urbana
E passou a ser definida com requinte
Nos anos 50 e 60 do século Xx
Com vozes como rei Elias dya Kimuezu
David Zé, Urbano de Castro, os Kiezos
Ngola Ritmos, Prado Paim, Jovens do Prenda
Artur Nunes, Luis Visconde e Bonga Kuenda
A lista é enorme e é salutar admitir
Que a história do Semba não para por aqui
O universo tem que saber e Don Caetano lembra
Que o rico Samba nasceu do meu Semba
E o meu Semba tem um cunho patriota
Porque emancipou tudo e todos a sua volta
E hoje há quem defenda de forma soberana
Que o fado português tem origem angolana
Jomo Fortunato: Dançada na rua nas tardes de recreio e nas noites de luar a Massemba emigrou para as guitarras virtuosas do Liceu Viera Dias, José Maria e Nino Ndongo por um processo de imitação rítmica de percursão dando origem ao Semba. O Semba na rítmica do José Maria e Nino Ndongo dos Ngola Ritmos veio a ser absorvido por importantes guitarristas dos exteriores como Zé Kenu dos Jovens do Prenda, que diz ter sido influenciado pela generalidade da música do Ngola Ritmos, o Duía dos Jingas, o Marito Arcanjo, Carlitos Viera Dias, Manuel Marinheiro do África Ritmos, Mingo dos Jovens do Prenda e Quental do agrupamento Aguías Reais, todos eles influenciados pelo Ngola Ritmos. Ngola Ritmos acaba por influenciar todos estes guitarristas, que no fundo, portanto, era a grande referência da êpoca