O vinho é pérola na concha da língua,
O sol que abre a rosa d’aurora menina
E abrasa e deleita com luz que embriaga.
O vinho é tapete na tenda mais íntima.
Quem bebe do sol, do seu álcool vermelho,
Já sabe das vinhas os místicos beijos
E bebe o incêndio em oásis de prata.
Que bêbado sol, de deserto e desejo!
A tinta das uvas em poças na pele
Desenha espinhos de púrpura e neve
Na areia tão limpa de tez desmaiada.
Quem bebe do vinho já soma as febres.
O vinho é cítara, cálice de prata,
Ébria concubina, rosa desmaiada,
Aurora vermelha, manhã de domingo.
Líquido tapete, dança que embriaga.