Sereno finda o dia hibernal,
Pesado véu envolve a Criação;
Em reverente e grave ritual,
As trevas descem pela amplidão.
Tudo convida a alma a meditar
Na majestade da divina mão,
Que a tempestade e as dores faz calmar
Em gesto de amor e de perdão!
Enquanto a noite baixa o negro véu,
Extasiado a vejo projetar
Em suntuoso e mágico painel
Cenas antigas, cenas de meu lar.
Onde irá buscar meu coração
Dessas lembranças o manancial?
Onde habita a recordação,
País de maravilhas sem igual!
Longe, além, nos vales de Sião,
Nos altaneiros picos imortais,
Onde há fartura em grande profusão
E o grato som de cantos joviais;
Como um rosal o ermo refloriu
E a boa nova ao mundo proclamou,
Chamando os homens todos ao redil,
Que o grande Criador nos restaurou!