Você nunca ouviu o grito da criança na favela
Viaduto, morro, gueto... coisa e tal
Você nunca viu essa imagem surreal
Você nunca viu e se você ver, você passa mal!
Se liga na cor desse som que é a cor desse povo
Verde, amarelo, azul, negro e vermelho
Vermelho de pele indígena
Vermelho de sangue inocente
Vermelha é a vergonha que fica
Manchando a história da gente
Gueto, gueto, gueto
Gueto, gueto, gueto
Gueto, gueto, gueto
Gueto, gueto, gueto
O Brasil é um país surreal
Mas não é obra de Dali
Aqui, ali, dali, acolá
Se ouve ecoar a voz que vem dos gueto em meio a cidade
Vida suburbana que germina em solo úmido
De beco, cortiços, vila, favelas
Urbanóides ganham vida embaixo de avenidas
À um palmo de você que nada vê
Mas isso não é conversa na moral
Isso não é papo filosofal
Isso não é revolta racial
Isso é a voz guetal
Gueto, gueto, gueto
Gueto, gueto, gueto
Gueto, gueto, gueto
Gueto, gueto, gueto