Já começa a ser preocupante
Eu já nem sei se queres que seja teu amigo ou teu amante
E eu nem me faço de ausente
Só me procuras quando estás carente
Foda-se és indecente
Mas como sempre eu estou aqui quando chamas
Dou-te o meu ombro
E enxugo essas lágrimas que derramas
Quando eu hesito, tu levas a melhor
E a seguir passamos de lágrimas a suor
Ficamos juntos e eu nem digo nada
Quando passamos de conversas de amigos
A conversas de almofada
Debates sobre amor, perguntas sem resposta
Do abraço amistoso aos arranhões nas costas
Ainda dizemos sem temer essas palavras proibidas
Que só adultos têm direito de dizer
E eu sou amigo para guardar o que partilhas
Amante para saberes que os meus dedos fazem maravilhas
Imortaliza esse instante
Em que suplicas para parar quando respiras ofegante
Entregas-te e ficas à minha mercê
Diz que me odeias só uma ultima vez
E quando eu finjo não ter tempo para ti
É quando dizes que tens saudades
De sentir-me dentro de ti
Esquece a pose da mulher segura
Fala-me dos homens com que tiveste
Conta-me em pormenor as tuas aventuras
Mas esquece os dissabores
Fala-me de amor, hoje eu e tu somos santos e pecadores
Eu abro o jogo e ponho as cartas na mesa
Escuridão é para quem ama
Comigo é sempre luzes acesas
Desfruta como se fosse a ultima ceia
E bate-me e insulta-me
Como se te corresse ódio nas veias
Porque este é o nosso karma
Fingir que não nos queremos
E depois cedermos ao desejo da carne
Nem tu sabes se sou amante ou amigo
Despreza-me e rejeita-me
Como se não quisesses nada comigo
E toca-me como se esta fosse a ultima vez
Diz que me odeias só uma ultima vez