Juro que deu uma cegueira, no peito um picumã
Quando pela vez primeira, vermelha que nem romã
Vi a estrada e apoeira na porteira da manhã
Chamei por minha parceira, quem tem amor se reparte
Traga erva de palmeira pra morde de encilhá uns mate
Vamo demarcá fronteira, levá vida de mascate
Que, teu colo companheira me prepara pro combate
Deixei pra trás a fazenda, larguei a lida de peão
No mais, que deus nos defenda e estenda a sua mão
Quem sabe o sinhô entenda seus fio em arribação
O tempo passou depressa ao redó de nossa andança
E a vida não se processa sem se enrredá nas trança
Inconto a gente conversa é o tempo em que os pé descansa
Mas, despois dô uma risada, minh`alma avoa serena
Tu mais eu na mesma estrada, um verdadeiro poema
Nóis dois fazendo alvorada pro voá da siriema
Tú, me ensinaste a toada que acorda a flor da açucena
A emoção da despedida enche o peito de tristeza
A estrada nos convida, abre as comporta a represa
E vai desaguando a vida, lavrando terra indefesa
E vai desaguando a vida, lavrando terra indefesa.