Eu era um índio vaqueiro
Nas ribeiras do sertão
Com o gado na restinga
Pastorando a caatinga
Bebendo do ribeirão
Tinha o meu trajo de couro
Minha rede de algodão
Quando as gentes abastadas
Quis mudar a charqueada
Coivarando o sertão
Quando o sangue bandoleiro
De mestiço cangaceiro
Emprestou seu braço forte
À canção do bacamarte
Que edifica como a arte
Ou põe tudo pelo chão
Eu era o punhal de Filgueiras
Ou a espada de Tristão
Bem mais triste a paisagem
Que deixa na orfandade
Os filhos da insolação
Matou gado, matou gente
Não deixou nada no chão
Mas a gente é macambira
Mulungu, corda de embira
Carnaúba e algodão
Foi que teve um juazeiro
Bem no 'mei' do espinheiro
Que deu sombra, água e pão
Nos levando além da morte
Pela graça e para a sorte
De Padim Ciço Romão.