Toda vez que a chuva cai encharcando a terra fofa
vai batendo a saudade do meu tempo de guri
Quando dava uma estiada, pés descalços em poça d`água
imitava melodias do cantar do bem-te-vi
E lá dentro da cozinha barulhava uma goteira, minha mãe
sempre faceira a cantar um estribilho
E quando vinha a garoa: Meu filho, saia da chuva!
Venha cá saborear um bolinho de polvilho!
Toda vez que cai a chuva, toda vez que a chuva cai
Vou ouvindo o sabiá que há muito ouvi cantar
quando ainda era piá. Procuro o beiral da casa
boto lata na goteira. Vou recordando o passado
no cair descompassado, de uma gota passageira
Toda vez que a chuva cai o cantar da curucaca
lá no alto do pinheiro anunciava a bonança
O cantar do sabiá, que via o verde chegar trazendo a esperança
no meu sonho de criança
E lá dentro da varanda barulhava uma goteira, minha mãe
sempre faceira a cantar um estribilho
E quando vinha a garoa: Meu filho saia da chuva!
Venha cá saborear um bolinho de polvilho!
Toda vez que a chuva cai, o franguinho com polenta
a receita suculenta que jamais eu esqueci
E a viola meu pai tocava, de história ele lembrava e a gente
acomodava era hora de ir dormir
E lá na beira da cama barulhava uma goteira, minha mãe
sempre faceira a cantar um estribilho
E quando o sono chegava: Veja se reza direito!
Tá na hora de dormir tenha bons sonhos meu filho!