O vento deste fim de julho vem gelando a alma,
O poncho da saudade tua mão aquece mais...
Eu busco tua voz sonora olhando os caminhos,
Só escuto algum passarinho, pelos matagais.
Parceiro desta noite grande estou na janela
E olho para a lua cheia e consigo vê-la...
Teus olhos, que tanto clareiam, meu olhar cinzento
Encontro naquele momento na luza das estrelas.
Ao longe aquele manto triste da desesperança,
E perto eu escuto as batidas do meu coração...
Nem mesmo a beleza da noite p’ra deter o tédio,
Guria tu és o remédio para a solidão.
Um sino bate tão tristonho, na igreja da serra
E o grito de uma seriema vem roubando a calma,
A nuvem passando carrega os meus pensamentos,
Mas nada que traga o alento para a dor da alma.
Igual ao seresteiro ébrio cantando eu pergunto:
_Quem foi que mandou a saudade habitar em mim?
Já chega do amargo castigo desta tua ausência,
Não quero o poncho da distância me gelando assim.