Eu nasci no Morro do Salgueiro
Num galpão de um terreiro, numa noite de luar
Minha mãezinha no dia que eu nasci
Me levou lá na tendinha e me deu um parati
Depois do samba, com três dias de nascido
Me levaram na igreja, mandaram me batizar
E o Seu vigário disse logo, isto eu não faço
Vá primeiro na macumba pra Xangô lhe abençoar
O macumbeiro começou a macumbar
Deu na pedra, deu na faca, néris do santo chegar
Daí a pouco, depois que o galo cantou
Veio Ogum, veio Xangô, Ranca Toco e Oxalá
O feiticeiro que estava manifestado
Ficou muito admirado de ver tanta cortesia
Depois da cerimônia terminada
É que chegou meu protetor, que era o Caboclo Ventania
- Que me protege hoje em dia!
Toda essa gente que não crê na lei de Umbanda
Que ainda quer botar demanda, perde tempo na questão
Vive sempre com a vida atrapalhada
Está sempre castigado sem saber qual a razão
Antigamente eu fui descrente, até zombava
Porque não acreditava, já sofri muito também
Porque o Caboclo, africano verdadeiro
Quando baixa no terreiro
Não faz graça pra ninguém