De toda flor que o amor plantar em seu jardim
De toda erva santa, toda fruteira
Permitam-se tulipas, dálias e jasmins
Descubram-se candeias, bananeiras
De toda flor que o amor colher em seu jardim
Arbustem-se por fim, florestas inteiras
Semeiem-se por nós, adubem-se por mim
Longevos baobás, seqüoias, palmeiras
Por toda a margem da estrada
ora lança... ora espada
Proteção. Manhas da flora defesa
capoeira, mata fechada
Tece a trama imaculada
Onças e sacis dividem a mesa
Um chora o outro ri
Quebrando a tristeza
De toda cor que o amor pintar o seu jardim
Matize-se carmim ou verde bandeira
Fecunde-se na terra, entranhe-se em mim
Revele-se assim farta parreira
De toda dor que todo amor reserve em si
Extraia-se o pólen, seiva videira
decante-se olor, extrato elixir
E enquanto existir, que seja a primeira
E toda curva da estrada
chuva, seca, sol geada
Raios e trovões, intempéries mis
E quando vida regada
Farta, plena, doce, molhada
Noite grafitada, pontilhada a giz
Luzes intrigantes das paixões sutis