Na boca de um formigueiro
Se empanzinou o tamanduá
Caiu num sono profundo
Sonhou que mudou o mundo
Com os homi a lhe abraçar
Da mesma forma o lagarto
Depois de encher o fardel
Enxergou as lixiguanas
Lhe deixando ao pé da cama
Uma caixada de mel
Sonhou também o guaipeca
Que não passava mais frio
A ovelha lhe deu o casaco
Botaram os gatos num saco
E enfatiotaram o bugio
Que bueno fosse verdade
O sonho de cada um
Ao menos de vez em quando
Repartindo e cooperando
Um mundo a todos comum
No sonho do garnizé
Proseava ele com o sorgo
Debaixo de um caramanchão
Enxergavam o chimarrão
O tatu e o cachorro
O capincho trouxe a erva
Cancheado pro mês inteiro
O boi ajeitou um assado
E o morcego debochado
Chegou pitando um palheiro
Sonhou por fim o jacaré
Que sua boca era pequena
Só comendo o necessário
Sobra mais pro visidário
E concluiu que vale a pena