O tempo que tudo muda
Não teve dó, nem perdão
Cegou o velho e a faca
Sem nem fazer distinção
Quem muito carneou na vila
Capão gordo pra o municio
Hoje repousa em silêncio
Afastado do ofício
A faca beijou a pedra
Ganhando nova visão
O velho buscou esperança
Rezando a sua oração
Dias desse, não faz muito
No rancho do seu Clarindo
Desmanchava um mocho pampa
Com a carneadeira luzindo
Sorriso de boca inteira
Gostava sim da função
Saltava antes dos galos
Nos dias de carneação
Se a faca beijar a pedra
Afiada terá valor
No entanto não há remédio
Para o velho carneador
A faca seguirá inerte
A espera de outra mão
Que lhe mostre o rumo certo
Nos dias de carneação