Eu estava esparramado na rede
Jeca urbanóide de papo pro ar
Me bateu uma pergunta, meio à esmo:
Na verdade, o brasil, o que será?
O brasil é o homem que tem sede
Ou que vive da seca do sertão?
Ou será que o brasil dos dois é o mesmo
O que vai é o que vem na contra-mão?
O brasil é um caboclo sem dinheiro
Procurando o doutor nalgum lugar
Ou será o professor darcy ribeiro
Que fugiu do hospital pra se tratar?
A gente é torto igual garrincha e aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
Decerto, então, nada vai dar
O brasil é o que tem talher de prata
Ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o brasil é o que não come
O brasil gordo na contradição?
O brasil que bate tambor de lata
Ou que bate carteira na estação?
O brasil é o lixo que consome
Ou tem nele o maná da criação?
Brasil mauro silva, dunga e zinho
Que é o brasil zero a zero e campeão,
Ou o brasil que parou pelo caminho:
Zico, sócrates, júnior e falcão?
A gente é torto igual garrincha e aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
Decerto, então, nada vai dar
O brasil é uma foto do betinho
Ou um vídeo da favela naval?
São os trens da alegria de brasília
Ou os trens de subúrbio da central?
Brasil-globo de roberto marinho?
Brasil-bairro: Carlinhos-candeal?
Quem vê, do vidigal, o mar e as ilhas
Ou quem das ilhas vê o vidigal?
Brasil alagado, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma avenida paulista?
Qual é a cara da cara da nação? Hein? hein?
A gente é torto igual garrincha e aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se virar sozinho
Decerto, então, nada vai dar
Composição: Vicente Barreto e Celso Viáfora