É hora de soprar a vela
No bolo e enfiar o dedo
É hora de pintar a tela
Soprar a tinta e pôr fogo
É hora de perder o medo
É hora de contar segredo
Criar feitiço como cheiro
É hora de virar entranha
Tamanha que é a vontade
É hora de virar metade
Sim
Na vida tudo tem amor e dor
Na morte e vida severinamente tem
Sem choro, nem bela
O pingo da vela flutua em água
Bacia, rio, ou mar
Mesmo perdendo o vôo
Da gaivota no fim de tarde
Com todas as guerras que ardem
No mais profundo dos dias
Mesmo com essa agonia
Trago a janela aberta
Pra quem souber respeitar
Um novo e sagrado altar
Na tristeza e na alegria
Deliqüência e poesia
Sim
Na vida tudo tem amor e dor
Na morte e vida severinamente tem
Sem choro, nem bela
O pingo da vela flutua em água
Bacia, rio ou mar