Furei a camisa
Com a brasa do meu cigarro
Engoli a neblina engasgada dos carros
Subi no cimo do aterro
Para amplificar meu verbo
Pra reverberar meu berro
Olha o céu desestrelado
Cor de fita isolante
Um cometa cintilante
Num céu de papel carbono
Na centelha desse instante
Veio espantar meu sono
E me despertou na idéia
Como um perfume na brisa
Como lâmina precisa
Relampiando o sujeito
Porque amigo é quem avisa
E agora não tem jeito
Tenho uma brasa no peito
Que queimou minha camisa