Caminhando por Pelotas
Lembrei de quando eu nasci,
Um quarto da Santa Casa,
O palco do Guarany.
Contei paralelepípedos
A caminho da escola,
Sonhei ladrilhos hidráulicos,
Paredes de escariola.
Pião, bolinha de gude
Pandorga, ioiô, gibi,
Bici, carrinho de lomba,
Eu sou o mesmo guri.
Comi tanta pessegada,
Fios de ovos bem-casados,
E pastéis de Santa Clara,
Que fiquei cristalizado.
E voei até a praça
Passei no Sete de Abril,
Os pardais faziam festa,
Naquela tarde de frio.
Tomei um café no Aquário
Bem quente pra ver se aquece,
Agradeci obrigado,
E a moça disse merece!
Andei a pé na Avenida
Entrei na Boca do Lobo,
Fui até à Baixada,
Pois era dia de jogo.
Naveguei pelo Porto
Fragata e Areal,
Três Vendas e São Gonçalo,
E Praias do Laranjal.
É muita guria linda
Eu fico até espantado,
Nunca vi tanta beleza,
Por cada metro quadrado.
O vento nos teus cabelos
Desenha outra escultura,
Junto à Fonte das Nereidas,
E aos traços da arquitetura.
Terra de todos meus sonhos
Princesa do Sul bonita,
O meu amor não tem fim,
Como uma rua infinita.
Pelotas minha cidade
Lugar onde eu nasci,
Ando nos braços do mundo,
Mas sempre volto pra ti!