Um vento chamando chuva bateu nas casas
Ergueu a poeira vermelha da terra quente
E o aviso da chuva boa na tarde em brasa
Encheu essa sanga rasa d’alma da gente
Gaúcho é o vento que traz a água de tiro
Carrega o cheiro da chuva que logo cai
Do Sul é o vento da gaita em cada suspiro
Chamando a alegria simples de um sapucay
Eu trago um sopro prendido nas três hileras
Que é como o que chama chuva e depois se vai
Entra num rancho humilde de fronteira e amarra
Amarra a trança da china no Urugai
Vento de gaita é igual ao que chama água
Chama a beleza antiga de cada rima
Um ar costeiro que viaja no Rio das Falas
Plancha el vestido de la guayna correntina
Dos arrabaldes da São Borja missioneira
Aos rancherios de fronteira em Livramento
Chama da sesta a chinita brasileira
Que prende a flor da roseira no cabelo preto
Um vento chamou a chuva e matou seca
E o outro matou a tristeza num chamamé
Voz de cordeona sureña franzindo a venta fala
Fala a lingua dos pobres, sabe quem é
Voz de cordeona sureña franzindo a venta fala
Fala a lingua dos pobres, sabe quem é