Está findando o meu tempo, a tarde encerra mais cedo,
Meu mundo ficou pequeno e eu sou menor do que penso.
O bagual tá mais ligeiro, o braço fraqueja às vezes,
Demoro mais do quero, mas alço a perna sem medo!
Encilho o cavalo manso, mas boto o laço nos tentos,
Se a força faltar no braço, na coragem me sustento!
(Se lembro os tempos de quebra, a vida volta pra trás.
Sou bagual que não se entrega assim no más!)
Nas manhãs de primavera, quando vou para rodeio,
Sou menino de alma leve voando sobre o pelego.
Cavalo do meu potreiro mete a cabeça no freio,
Encilho no parapeito, mas não ato nem maneio!
Se desencilho o pelego cai no banco onde me sento,
Água quente de erva buena para matear em silêncio!
(Se lembro os tempos de quebra, a vida volta pra trás.
Sou bagual que não se entrega assim no más!)
Neste fogo onde me aquento, remôo as coisas que penso,
Repasso o que tenho feito para ver o que mereço.
Quando chegar meu inverno, que me vem branqueando o
cerro,
Vai me encontrar venta aberta, de coração estreleiro,
Mui carregado dos sonhos que habitam o meu peito
E que irão morar comigo no meu novo paradeiro!
(Se lembro os tempos de quebra, a vida volta pra trás.
Sou bagual que não se entrega assim no más!)