E de repente, eu fui escrever
Estava cansado de só assistir e ver
Pensando assim dentro dos "busão"
Tudo que a gente vê na televisão
São os jornais carnívoros
As novelas "veganas"
E o futebol herbívoro, tira o moleque da lama
Sobre a cota racial
Cerebral matinal, Pra esses diretor, Padilha confirmou
Menos ódio, mais amor, por favor, seu Doutor
Menos raças e mais cor, eu peço nesse louvor
Então, seu vendedor
Me vê uma Tv de 69 polegadas, De Lsd, muito bem embalada
E de repente, eu fui escrever
Estava cansado de só assistir e ver
Pensando assim dentro dos "busão"
Tudo que a gente vê nesse mundão
Tiozinhos fazendo orações diárias
Rezando pra Deus, e pras cachaças
Chinelo pregado tipo mão de Jesus
Velho passado escondido da luz
As frutas podres caídas no chão, Sendo comidas por algum cão
Crianças choram nos braços das mães
Olhares profundos, estômagos sem pães
Alunos indo pra escola, hoje não vão pedir esmola
Vão assistir o suicídio do professor, Ver-lo gritar e chorar de dor
São tantos pedreiros, tantas lavadeiras
Tantos bueiros transbordando até a beira
São tantos enterros, tantas parteiras
Tantos cargueiros, parados na areia
E de repente, eu fui escrever
Estava cansado de só assistir e ver
Pensando assim dentro dos "busão"
Tudo que a gente vê nessa escuridão
Vários nós de pensamentos, isso
Laços de sentimentalismo
Estamos de ante dum abismos
E nos restará só cinismo
Conceito de vida esperança
Conceito de medo arrogância
Conceito de morte ignorância
Conceito de conceito concordância
Conceito de perder, esse não conheço
Conceito de fugir, já me perco
Se a vida me desafia ele não vai ter sorte
A ver que um filho teu não foge a luta
Nem teme quem adora a própria morte
Ela vai se surpreender ao ver que eu sou forte
E de repente, eu fui escrever
Estava cansado de só assistir e ver
Pensando assim dentro dos "busão"
Tudo que a gente vê num mundo sem emoção