Nasci no meio do mato
Onde a cobra dá o bote
Espingarda tiracolo
Com tiraca no cangote
Meus dentes fortes, bonitos
Corta mais do que serrote
Eu sou caboclo do chão
Que come as coisas com a mão
Sou caipira sem fricote
Da mata eu tiro a caça
Da caça tiro o sustento
E do rio eu tiro o peixe
Da viola meu lamento
Pra que que eu quero muito
Se com pouco eu me contento
O meu relógio suíço
É o sol de ouro maciço
No braço do firmamento
Tem horas que até penso
Que eu sou um bicho do mato
Olhando as frutas bonitas
Que das copadas eu cato
Pulando de galho em galho
Sou ligeiro que nem gato
O meu pé é um cascão
Quando afirmo ele no chão
Na terra fica o retrato
A conversa do caipira
De longe chama a atenção
É uma apena que o caboclo
Tá na mira da extinção
Minha casa é a natureza
Meu quintal é o sertão
Enquanto eu puder
O meu rancho de sapé
É minha grande mansão