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Você sabe de onde eu venho,
Duma casinha que eu tenho,
Fica dentro de um pomar,
É uma casa pequenina,
Lá no alto da colina,
De onde se ouve longe o mar.
Entre as palmeiras bizarras,
Cantam todas as cigarras,
Sob o pó do ouro do sol,
Do beiral vê-se horizonte,
No jardim canta uma fonte,
E há na fonte um caracol.
Do jasmineiro tão branco,
Tomba de leve no banco,
A flor que ninguém colheu,
No canteiro há uma rosinha,
No aprisco, uma ovelhinha,
E em casa, meu cão e eu.
Junto à minha cabeceira,
Minha santa padroeira,
Que está sempre em seu altar,
Cuida de mim, se adoeço,
Vela por mim, se adormeço,
E me acorda devagar.
Quando eu desço pela estrada,
E olho a casa abandonada,
Sinto ao ve-la, não sei que,
Ainda em tudo uma tristeza,
Como é triste a natureza,
Com saudade de você,
Se você é minha amiguinha,
Venha ver minha casinha,
Minha santa, meu pomar.
Que meu cavalo é ligeiro,
É uma légua, só de outeiro,
Chega a tempo de voltar,
Mas se acaso anoitecer,
Tudo pode acontecer,
Que será de mim depois ?
A casinha pequenina,
Lá no alto da colina,
Chega bem para nós dois