Sumiê de fios, de folhas
Sem tinta e sem pincel
Onde o espaço faz papel de papel
O fio faz o efeito da escrita
Os livros, fios em branco
São lidos pelo avesso
De lado, de vulto, de soslaio
Os fios das folhas em ritmo
Ora gráfico, ora elétrico
Escrevem rimas ricas
Linhas em todas as direções devolvem
Resolvem nosso emaranhado
Enquanto flutua a dura madeira
Nua carne, árvore madura suspensa
Susto que pensa, pressente
Arrepio de pêlos que nascem, atravessam
Passam, morrem no pálido da pele
Onde ainda persiste um nada que se move
Na força dos fios e revela sua leveza
E eleva o peso do espaço
Com todas as palavras não ditas