"Eu desde pequeninho, trabaiava lado a lado
com meu véio pai, carpinteiro afamado. E qundo eu
fiquei home, por não ter nada guardado, reneguei
aquele ofício, que com tanto sacrifício, ele havia me
ensinado"
Meu pai o senhor devia mandar eu ter estudado
Pra ser doutor ou engenheiro hoje eu seria afamado
com o dinheiro e a glória pro mundo eu tinha viajado
Que sendo carpinteiro, não passo de um desgraçado
Com o zóio cheio d'água meu véio pai me falô
"Nosso pão de cda dia, inda pra nóis num fartô. Sempre
tivemo agasaio quando o inverno chegô e sempre demo
esmola a quem dela precisô"
Que vale isso meu pai, se nóis num sabe o que é bão
Hoje o dinheiro é que manda em todas repartição
E até sinto vergonha por eu não ter instrução
Quando pego uma caneta, me dói os calo da mão
"Meu fio, a maior riqueza num é na Terra que tem, e o
poderoso dinheiro não compra um home de bem. O teu
sagrado ofício, meu fio, não envergonha ninguém, Jesus
o fio de Deus foi carpinteiro também"
Depois do sábio conselho, eu vi na luz da verdade
Que todo ofício é bão, vivendo na honestidade
Hoje sou home feliz, não penso mais em vaidade
O que aprendi com meu pai, levarei pra eternidade