Utopia
Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar
Meus pais não tinham
Nem escola e nem dinheiro
Todo dia o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
Correu o tempo
E hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a têm
Agora falam
Do desquite ou do dovórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho de seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chame a isso de utopia
Eu a isso chamo paz
Ave - Maria, Mãe de Jesus
O tempo passa, não volta mais
Tenho saudade daquele tempo
Que eu te chamava de minha mãe
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Eu era pequeno, nem me lembro
Só lembro que à noite, ao pé da cama
Juntava as mãozinhas e rezava apressado
Mas rezava como alguém que ama
Nas Ave - Marias que eu rezava
Eu sempre engolia umas palavras
E muito cansado acabava dormindo
Mas dormia como quem amava
Ave - Maria, Mãe de Jesus
O tempo passa, não volta mais
Tenho saudade daquele tempo
Que eu te chamava de minha mãe
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Ave - Maria, Mãe de Jesus
Por escutar uma voz que disse
Que faltava gente pra semear
Deixei meu lar e saí sorrindo
E assobiando pra não chorar
Fui me alistar entre os operários
Que deixam tudo pra te levar
E fui lutar por um mundo novo
Não tenho lar, mas ganhei um povo
Sou cidadão do infinito, do infinito, do infinito
E levo a paz no meu caminho, no meu caminho, no meu caminho
Eu procurei semear a paz
E onde fui andando falei de Deus,
Abençoei quem fez pouco caso
E espalhou cizânia onde semeei
Não aceitei condecoração
Por haver buscado um país irmão
Vou semeando por entre o povo
Sou cidadão do infinito, do infinito, do infinito
E levo a paz no meu caminho, no meu caminho, no meu caminho