Eu já puxei carro de boi e arado
Pranchão pesado chega doia no osso
Botava força que os mocotos davam estralos
A canga fazia calo e machucava o meu pescoço
Mesmo cansado obedecia ao Carreiro
Cabeçalho e tandoeiro era vermelho de barro
Ainda levava furada de ferrão, meu sangue pingava no
chão
E sujava as rodas do carro
E na ladeira escurregava no barro
As pedras cortavas meus cascos, com o peso me
ajoelhava
E o Carreiro com o chicote me batia, eu berrava e as
carnes tremiam
Mas o carro eu não virava
Depois de velho me fizeram covardia
Fui desprezado da família e maltratado pelo dono
Trabalhei para criar os fihos do meu Carreiro
Enriquei o Fazendeiro e hoje vivo no abandono
Mandaram me pegar pra furar meu cabel'ouro
Me sangrar, tirar meu couro com a navalha do facão
Até o machante chorou quando jogou-me o laço
Boi velho vai ser churrasco na mesa do meu Patrão
Até o machante chrou quando jogou-me o laço
Boi velho vai ser churrasco na mesa do meu Patrão.
by Samuel Duarte.