Os mais velhos dizem que um dia, cansado da
Solidão do poder, zambiapungo, o ser supremo
Dos cultos angolo-congoleses, foi tomado pela
Tristeza e cogitou desistir da criação do mundo
Os inquices, seus filhos, resolveram alegrá-lo
Para que a criação não fosse interrompida
Katendê, o senhor da medicina da floresta
Macerou as folhas e preparou um banho para
Refrescar zâmbi
Zaratempo criou as estações do ano
O calor do verão, os dias amenos do
Outono, o frio do inverno
E as floradas da primavera
Matamba, a dona do balé espantoso dos relâmpagos
Foi a próxima a tentar alegrar o pai maior
Vunji trouxe as crianças
Que começaram a dar cambalhotas
E subir nas árvores
Angorô inventou
O arco-íris depois da chuvarada
Gongobira coloriu
Os rios com peixes coloridos
Dandalunda mostrou
A força das cachoeiras
Mutalambô caçou um pássaro gigante
Com a sua destreza de flecheiro
Nkosi forjou ferramentas diversas
Lembarenganga
Preparou um cortejo de pombas
Cabras e caramujos
Zâmbi agradeceu o esforço dos inquices
Mas continuou triste
Finalmente restava zazi
O senhor do fogo
Saberia ele de alguma coisa que pudesse acabar
Com o banzo do pai?
Zazi consultou o oráculo
Para saber como alegrar
Zâmbi
Seguindo as ordens do adivinho
Sacrificou um bode branco
Retirou a pele do bicho
E repartiu a carne entre os inquices
Em seguida usou o fogo para tornar oco
O pedaço de um tronco
Seco da floresta
Sobre uma das extremidades do tronco oco
Zazi esticou o couro do animal e inventou
Ng'oma - o primeiro tambor
Zazi começou a percutir o couro
Com toda a força e destreza. aluvaiá
Aquele que os iorubás conheciam
Como exu e os fons como legbá, gingou ao som
Do tambor de zazi
Em seguida, todos os deuses
Do congo, ao batuque sincopado do ng'oma
Fizeram a primeira festa na manhã do mundo
Zambiapungo alegrou-se com o fuzuê
Deu a zazi o título de xicarangomo
Expressão oriunda do
Quicongo nsika ng'oma
O tocador de tambor
E anunciou que a criação
Não iria parar
Que viessem crianças, mulheres e homens
Para escutar ng'oma, cantar, dançar
E alegrar a vida
É por isso que os bacongos dizem que ng'oma
O tambor, será o pai de todos
Os que transgridem
A dor em desafios de festa e liberdade
Sua benção, ng'oma, nosso pai tambor!
Nós estamos no mundo para celebrá-lo!