Não foi sequer uma única vez
A vara de condão nunca funcionou
Seus bosques e florestas eram tão desertos
Suas palavras mágicas o vento calou
Seu lago era vazio, nenhum cisne existia
Suas criaturas não tinham magia
Sapos jamais seriam beijados
Era assim seu mundo desencantado
E assim passavam-se seus dias na escuridão
Ele era dessa triste fábula uma maltrapilho cão perdido num frio verão
Numa cidade sem céu e sem chão
Mais eis que uma dama vestida de cetim
Com sapatilhas de seda e marfim
Linhas de sol, colares de luar
Cabelos dourados e olhos de safira
Voz de sereia perdido em fantasia ele sorriu
E no seu peito uma flor brotou
Então num cisne ele se traduziu
No deserto a areia um castelo erigiu
Desencadeou-se um reino de magia
Onde ele era o príncipe, ela a fada madrinha
Nos seus ermos campos brotaram jardins
Trompas tocavam belas melodias
No seu ar perfumes tão bons de alecrim
E girava o sol qual talismã no seu dia
Intensa então seguia a carruagem deslumbrante
Sem fazer de conta um só instante
E do seu passado triste ele não lembrava mais
Era nessa fábula o rei dos animais
Mas sem piedade o tempo passou
E a princesa o encanto perdeu
Numa megera ela se transformou
E no abismo da maldição desceu
O pobre príncipe voltou a ser plebeu e ele chorou
E a flor dentro do peito então murchou
E era um triste e gelado verão
O castelo de areia uma onda acabou
Aquela princesa não viu renascer
E jamais chegaram felizes a ser