Gavião da minha foice
Não pega pinto
Também a mão de pilão
Não joga peteca
O cabo da minha enxada
Não tem divisa
As meninas dos meus olhos
Não tem boneca
Cachaça não da rasteira
E derruba a gente
A língua da fechadura
Não faz fofoca
Prá fazer este pagode
Não foi brinquedo
Eu me virei no avesso
E não sou pipoca
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Eu tenho um vizinho rico, fazendeiro endinheirado
Não anda mais a cavalo, só compra carro importado
Eu conservo a minha tropa, o meu cavalo ensinado
E o fazendeiro moderno só me chama de quadrado
Namorando a mesma moça e vejam só o resultado
O progresso é coisa boa, reconheço e não discuto
Mas aqui no meu sertão, meu cavalo é absoluto
Foi Deus e a natureza quem criou esse produto
Essa vitória foi minha e do meu cavalo enxuto
A menina hoje vive nos braços desse matuto
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No lugar que canta galo, de certo que mora gente
Que é muito bonito é lindo,
Que é muito feio é indecente
A água parada é poço, riacho é água corrente
Toda briga de mulher, o que faz é língua quente.