Meu carro não canta mais
Meu carro emudeceu
A boiada companheira
Toda meu patrão vendeu
Não posso mais carrear
Por morde do caminhão
Sôdade daquele tempo
Das estradas do sertão
Me alembro da sua cantiga
No morro mais perigoso
Puxando o meu boi Valente
Pintado, Rosilho, Barroso
O seu canto tão sereno
Se tinha sol não chovia
Que sôdade companheira
Das tristeza e da alegria
O progresso me arruinou
Minha vida de carreiro
Meu carro tá se estragando
Sem abrigo no terreiro
Por demais meu coração padece
No romper da madrugada
Me alembro dos campo amigo
Do estradão e da boiada
Me alembro da sua cantiga
No morro mais perigoso
Puxando o meu boi Valente
Pintado, Rosilho, Barroso
O seu canto tão sereno
Se tinha sol ou chovia
Que sôdade companheira
Das tristeza e da alegria
Meu carro não canta mais