(Fragmentos do texto "Os Ombros Suportam o Mundo" de Carlos Drummond de Andrade)
Chega um tempo em que não se diz mais "Meu Deus".
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais "Meu amor".
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram, e as mãos tecem apenas o rude trabalho.
Alguns achando bárbaro o espetáculo, prefiririam os delicados morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.